5 de junho de 2004

CRÓNICAS DO PÚBLICO
Já aqui referi várias vezes que as crónicas da Helena Matos no Público, aos sábados, são óptimas. Há poucas pessoas entre os nossos cronistas que resumam a actualidade e se comprometam de forma tão eficaz como ela.
O texto de hoje (que não tenho aqui, já passei a outro e não ao mesmo) falava da visão misógina (machista, para os menos versados no trabalho da Academia das Ciências...) de médicos e governantes. De facto, a obsessão com o facto de as mulheres não poderem assumir as mesmas responsabilidades que os homens porque têm de ir para casa tomar contas dos filhos e lavar a louça, é ridícula. Não porque a louça não necessite de ser lavada, ou os filhos tratados, mas porque pressupõe que os homens NÃO TÊM A MESMA OBRIGAÇÃO. Aquela coisa de que "se deve ajudar, mas a casa e os filhos são responsabilidade da mulher". Ora, os homens inteligentes gostariam de acreditar nisso. Alguns (os que apanham mulheres parvas que se prestam voluntariamente - por defeito de educação - ao jogo) até fingem que a coisa está certa. Pois se eles nem têm jeito para a coisa. Alguém chamou a isto o papel do "urso simpático". Mas ninguém acredita já nisto.
Ninguém, a não ser o nosso ministro da saúde que julgou estar a dizer as graçolas machistas diante da secretária, paga para lhe aturar os desaforos, e apanhou com a Ferreira Leite ao lado. Teve azar.
Os nossos políticos não só são profundamente medíocres na sua falta de visão do futuro, como, tremendamente conservadores. E isso, tanto à esquerda como à direita.
Quanto aos médicos ou, pelo menos, à sua Ordem corporativista e muito questionável em tantas matérias, nem vale a pena falar... É o século XIX de bata vestida.

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